quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Entrevista com o autor

Entrevista com o autor, realizada no dia 12 de março de 2009:

- Como você classificaria o livro?
Creio caber bem dentro da literatura fantástica. Se passa num futuro onde a tecnologia moderna foi abandonada por ter se tornado perigosa demais, a ponto de quase destruir a humanidade. O passado foi escondido, para que as desavenças não fossem herdadas pelas novas gerações. A partir daí, a era medieval é remontada. Não demora, os grandes navios são construídos e os piratas começam a surgir.

- Qual a razão de ser do livro?

Relata a busca por uma identidade. Acho que é esta a questão. Certamente. O livro Ônix conta as aventuras de um pirata que, quando jovem, teve acesso a registros de um passado-esquecido - através de filmes e livros -, graças ao que restou da tecnologia secreta. Este alguém se admira com todos aqueles personagens assistidos, como Jack Sparrow, Zorro, Gambit, V ( de V de Vingança), dentre outros. Ele acredita piamente que tudo aquilo assistido, aconteceu de fato e, por acreditar que aventuras tão incríveis possam ser reais, ele acaba fazendo que a sua seja, ao adotar o nome de Ônix Pedra-Negra, pois não há ninguém para dizer que não possa ser, pelo contrário, sua maior inspiração, seu amor, acredita que ele é capaz. Talvez, por isso, classificar o livro como um romance de ficção científica seja mais exato. Algumas pessoas, aliás, acreditem que um amor tão intenso só possa ser ficção científica e, neste caso, minto menos ainda em minha classificação.

- Você acredita num amor assim?
Plenamente. Por experiência própria. Tenho alguém ao meu lado hoje, que acredita em mim mais do que eu mesmo, na maior parte do tempo. Sem ela eu não estaria aqui respondendo a estas perguntas.

- Então o livro tem um quê de autobiografia?
Sempre tem. De uma forma ou de outra o autor sempre partilha das vivências de suas personagens e vice-versa. O final do livro, em especial, é carregado de uma filosfia com a qual me entendo bem.

- É um livro para fazer pensar?
Acredito muito nisso. É parte da razão de ser que é esta busca por identidade. Por compreensão. A aventura embala, mas profundidade, para mim, é vital. O final é provocativo e isso é proposital por vários motivos, sem deixar de lado a trama. A proposta do livro é colocada e alcança seu auge. A trama se resolve. Se fica alguma, ou algumas, perguntas sem respostas - e duvido que não fique -, isso se deve ao simples fato de manter a narrativa não linear. Há alguns saltos no tempo, extremamente propositais, e algumas perguntas surgem, exatamente no fim, para ecoar no vazio...


- Até que outro livro responda estas perguntas?
Claro. Mas já não se trata mais de um livro sobre o pirata Ônix Pedra-Negra. O relato sobre Ônix é concluído. O que não é contato sobre ele se deve ao fato de ser necessário, antes, apresentar o outro personagem. Ônix fará apenas participação especial nestes próximos livros sobre tais personagens. Assim como Leela fez uma participação especial neste, quase simbólica. Aquele final era importante para Ônix, mas não pude revelar tudo, pois estragaria as surpresas de outros livros que virão.

- Este seria então o próximo livro? Leela?
Provavelmente. Muito embora o livro sobre Dáverus, coubesse melhor antes de Leela. Dáverus também é mencionado em Ônix e pode oferecer mais suporte para compreensão de Leela, pois os acontecimentos na vida de Dáverus afetam o pirata Ônix, assim como os acontecimentos em Ônix afetarão Leela. Isso ainda está para ser definido. Quero contar uma boa história em cada livro e quero que juntos eles contem uma ainda maior.

- Quantos livros serão ao total?

Até então, serão sete, mas pode variar no processo de organização e acabar sendo necessário mais um ou menos um. Os três primeiros já serviriam para fechar a trama que os envolve, mas, outros complementarão e responderão tudo o que precisa ser respondido e estou muito empolgado em oferecer tudo isso. Mas, é importante frisar que cada livro tem sua proposta resolvida nele mesmo. As perguntas que podem surgir, farão, quando respondidas, conexão com os outros livros. E juntos contarão uma enorme saga da humanidade, dentro do período compreendido entre o ano zero até o ano 4110. Aproximadamente.

- E qual seria a ano zero? Já ouvio falar que você consideraria o ano de 2012 como o último. Tal ano parece ser um ano pré-destinado a por um fim, ou quase fim, em tudo para muitas religiões e a ciência. Sua enorme saga se trata disso? De mais um alerta?
Indiretamente, talvez, mas a verdade é que o ponto de partida não é 2012. Não revelo isso, de fato. Menciono apenas que o calendário cristão foi abandonado e, par ser honesto, o livro que contará a história mais próxima do ano zero se passa no ano 79 do novo tempo. Sim, toda a saga poderia derivar de uma visão pós 21 de dezembro de 2012. mas, até mesmo assim, seria apenas uma visão de infinitas que podem acontecer. Aliás, se os acontecimentos do último, seguindo o calendário cristão, se desse em 2012, nesta linha de espaço-tempo, eu nem teria tempo de escrever os sete livros, que tanto gostaria de escrever (risos), pois cada um deles é fascinante em sua proposta de contar a vida de um, ou melhor, de várias personagens, que, com suas filosofias de vida, podem inspirar as nossas a serem mais honestas e melhor aproveitadas. Esta é a proposta de toda a saga. Cada livro pode ajudar a ampliar a compreensão de cada pessoa de como as coisas funcionam e isso pode alterar nossa realidade, inclusive. Assim espero. Pois estou aceitando considerar que a mente coletiva molda nossa realidade e seria muito bom se muita coisa mudasse. Ou seja: não é um alerta sobre o que irá acontecer, certamente. É muito mais do que isso. O ponto de partida, independentemente de data específica, é u grande: "E se..." Cada autor se baseia nisso e segue afinando sua mente para olhar para um cenário e, quando menos percebe, está fascinado com aquilo a ponto de precisar escrever. Suponhamos que os maias estejam certos, como sempre pareceram estar, (risos), que os padrões descobertos nas linhas do I-ching estejam certos, que os cientistas estejam certos, que as profecias estejam certas, enfim, que algo realmente aconteça com a esperada precessão, juntamente com todas as outras fortes tendências... e se o que vir em seguida puder ser definido por nossos padrões mentais? Já quantificaram o pensamento, já mostraram que as ondas cerebráis interagem com a matéria. Tudo é energia. Se assim for, até o último segundo, ninguém pode dizer, com exatidão, o que virá depois. Poderia ser o fim de tudo, realmente, aliás. O que não torna a visão que tive uma mentira. Poderia ser uma possibilidade e, de acordo com físicos modernos, nosso universo é apenas um entre infinitas variações que existem simultâneamente. Gosto de pensar que olhei para uma variação destas e consegui trazer para cá esta visão que tem emocionado e fascinado mais pessoas além de mim. Seja como for, não acredito num fim. Talvez uma nova era, mas não fim. Minhas histórias seriam uma destas possibilidades. 

- Quando, cronologicamente, os acontecimentos do livro Ônix acorrem?
Isso é muito técnico e pouca gente se daria o trabalho de averiguar (risos). Mas, sempre tem alguém que quer entender tudinho e, para responder a isso, devo pegar ao menos três pontos de referência. O livro é narrado por um velho cego a alguém no ano 1.018 do Novo Tempo. Este é o ponto de partida do livro. Porém, os acontecimentos do relato de Ônix, narrado pelo velho, acorreram – basicamente – no ano 524 do Novo Tempo. Digo basicamente, pois é quando Ônix está na taverna do Coelho Caolho. Muito embora o velho cego também narre trechos da vida do pirata um e dois anos antes. Complexo? Mais fácil ler o livro(rs)... é bem mais simples de entender.

- Qual seu personagem favorito?
Acho que seria óbvio dizer que é o pirata Ônix Pedra-Negra, pois é realmente um personagem admirável até mesmo quando não devia ser, mas confesso que há vários personagens que, para mim, são fundamentais e fantásticos em suas vivências e foi fascinante escrever sobre eles. Dentre eles, acho que Muquifo se destaca. Ainda assim há, para mim, um guarda que conversa com Ônix. Sequer é citado seu nome, mas o que ele diz é profundo e tão real que me marcou tê-lo enxergado como alguém tão importante num livro a ponto de não ter cortado tal diálogo.

- Outras partes, diálogos, foram cortados?
Certamente. O tempo para terminar o livro para poder aproveitar uma oportunidade interessante era curto e mal deu para colocar o que era vital. Há um diálogo, quase no final do livro, no qual diriam a Ônix que tudo o que ele acreditava ser real – os livros e filmes – que tanto o inspiraram, era tudo mentira, pura ficção, imaginada por pessoas que não conseguiriam realizar uma gota do que escreveram. Isso foi cortado.  Seria para enfraquecê-lo, para fazer com que deixasse de acreditar e acordasse para a realidade daquele mundo, mas foi cortado pois o diálogo com quem contaria isso para ele já estava extenso demais e forte o suficiente para testar a fé dele em si mesmo, naquele momento. Esta descoberta viria depois, de forma mais contundente, até, no final do livro. E há outras partes que foram cortadas – sequer foram escritas, mas foram visualizadas – que retratam os marujos de Ônix, cada qual uma figura singular. Gostaria de ter podido desenvolvido isso melhor.

- Então podemos esperar um livro extra de Ônix?
(Risos) Não apostaria nisso. A idéia de escrever estes trechos adicionais até existe, mas seriam inseridos numa próxima edição do livro Ônix, uma versão estendida. Há planos para isso. Seriam capítulos e trechos complementares, mas não é algo que mude drasticamente a visão de tudo o que aconteceu. Existe um quase pronto, chamado de “ O conto do Rola-Pança” – se eu conseguir terminá-lo, paralelo aos milhares de projetos que executo, quem sabe abre uma porta para os outros. Mas quero focar nos livros principais, que pretendo escrever e voltar a responder perguntas feitas por você, sobre estes novos livros, espero que aconteça, pois você fez perguntas bem pertinentes. Aliás, se tivesse feito alguma pergunta impertinente, eu teria respondido com algo vago, evasivo e intrigante, como, por exemplo: Uma gota do mar peca em pular fora dele para, momentaneamente, olhar a si mesmo de outra perspectiva, antes de voltar e se completar onde mais carecia?

- Obrigado. Sou novo nisso, é minha primeira entrevista e foi bastante esclarecedor. E, para encerrar: o que o levou a fazer uma entrevista consigo mesmo?
"Uma gota do mar peca em pular fora dele para, momentaneamente, olhar a si mesmo
de outra perspectiva, antes de voltar e se completar onde mais carecia?"

***

3 comentários:

Alpha - Leono - disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alpha - Leono - disse...

AhuhauhaheuaehaeuheauheuhAEHE!!!
Eu suspeitava desse entrevistador...
De veras, o Muquifo é na minha opinião, o personagem que mais nos marca...
Fico curioso para saber como será o livro de Leela ou de Dáverus.
Vou aguardar pelos livros e Relatos!
kkk
Mas claro, com todo o apoio que eu puder dar, estou aqui tbm, pq acredito no sucesso do livro, excelente por sinal.
(correção do outro comentário)

vitor disse...

você foi na minha escola paulo mendes camapos i adorei sua apresentação pegunta: onde encontro seu livro?